sexta-feira, 12 de novembro de 2010

(O CASO DO GOLEIRO BRUNO) Ex-segurança diz ao "Jornal O Dia" que Bruno nunca reclamou de falta de dinheiro

Atleta admite ter levado Eliza para Minas, ao contrário do que havia afirmado, jura inocência do crime e defende Macarrão


Contagem (Minas Gerais) - Depois de se negar a prestar depoimento à polícia por diversas vezes, o goleiro Bruno Fernandes das Dores Souza contou ontem, pela primeira vez, ao longo de quase 11 horas de audiência, a sua versão para o desaparecimento de Eliza Samudio. À juíza Marixa Fabiane Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem (MG), o atleta jurou inocência, admitiu ter mentido sobre seu último encontro com a ex-amante, afirmou ter dado R$ 30 mil para que ela pudesse “resolver um problema em São Paulo” e se emocionou ao defender o amigo Luiz Ferreira Romão, o Macarrão, também acusado do crime.


A gravidez de Elisa
“Confio no Macarrão. É meu irmão. Confio mais hoje do que antes. Estamos vivenciando o sofrimento de cada um. Nas adversidades é que vemos quem são as pessoas”, afirmou ele, após assistir ao vídeo gravado pela Polícia Civil mineira dentro de um avião, quando foi levado preso para Minas. Na gravação, Bruno disse estar surpreso com o amigo e admitiu que não confiava mais nele.

O jogador confessou que levou Eliza para seu sítio, em Esmeraldas (MG), em junho. Questionado pela juíza, o goleiro tentou explicar por que mentiu durante uma entrevista coletiva após um treino do Flamengo, em 2 de junho.

“Na imprensa, disse que não via Eliza havia três meses. Era helicóptero e 500 câmeras em mim. Não estava tranquilo. Fiquei com medo. Falei sem pensar. Depois, fui para casa e pensei: ‘Por que não falei a verdade?’”, confessou.

Sentado de frente para a juíza e para o promotor Gustavo Fantini, Bruno disse que, no sítio, a ex-amante teria pedido para que ele ficasse com a criança por sete dias. Depois, ela viria buscá-lo. Eliza teria viajado com o goleiro para receber R$ 30 mil — antes queria R$ 50 mil —, para pagar dívidas em São Paulo. O atleta disse que aceitou dar o dinheiro para evitar um escândalo.

No depoimento, o goleiro afirmou ter visto a jovem pela última vez às 20h de 10 de junho, quando ela teria sido levada por Macarrão e pelo primo, J., 17 anos, até um ponto de taxi próximo. Logo no início da audiência, Bruno admitiu que sabia que Eliza havia sido agredida pelo adolescente, no dia 5 de junho, quando ela era levada de um hotel na Barra da Tijuca para a casa do jogador.
No fim, o goleiro se disse inocente: “Não pedi a ninguém para matar essa senhora. Não planejei nem orquestrei matar Eliza”.
Para defender amigo, acusações contra ex-segurança

Para reafirmar a importância de Macarrão em sua vida, Bruno disse que foi o fiel escudeiro quem colocou ordem em suas finanças. O goleiro acusou seu ex-segurança Marcelo Soares Silva, que o acompanhou durante quatro anos, de desviar parte do dinheiro que deveria ser entregue a Eliza Samudio.
“Talvez a desconfiança de Eliza fosse porque eu repassava tudo por outra pessoa, o Marcelo. Às vezes ficava combinado de eu mandar R$ 3 mil e ele só mandava R$ 1,5 mil”, contou.
Bruno disse que Marcelo tinha acesso a contas e usava cheques em branco já assinados por ele. “Financeiramente, estava na cara que as pessoas estavam me roubando. A ponto de um cara que ganhava R$ 100 mil não ter dinheiro nem para botar gasolina”.
A O DIA, Marcelo afirmou que fazia saques e depósitos sempre na presença da ex-mulher do jogador, Dayanne, que listava as despesas. “Na minha época, a gente depositava R$ 20 mil para Dayanne e as meninas. Macarrão passou a dar R$ 6 mil e, se sobrasse alguma coisa no outro mês, ele só completava. Bruno só fez três depósitos de R$ 1 mil para Eliza, antes da agressão. Durante quatro anos, ele trocou de carro quatro vezes e nunca reclamou de falta de dinheiro”, disse ele, que guarda canhotos e comprovantes bancários.                                                                                                                                    Eliza queria R$ 50 mil
Na audiência, Bruno revelou que Eliza lhe pediu R$ 50 mil para pagar dívidas, mas que conseguiu chegar a um acordo e lhe entregou R$ 30 mil em 8 de junho. “À tarde passei o dinheiro para ela. Eram R$ 30 mil em notas de R$ 50 e R$ 100. Mas ela pediu para ficar mais um dia no sítio e perguntou: “Tem problema eu ficar mais um dia aqui no sítio?”. Falei que não. Ela disse também que teria de ir a São Paulo para arcar com algumas despesas. Por isso, pegou esse valor alto comigo, esses R$ 30 mil. Ela queria R$ 50 mil, mas chegamos a um acordo”.

Ameaça de escândalo

De acordo com a versão de Bruno, Eliza ameaçou fazer escândalo e procurar a imprensa se ele não lhe desse o dinheiro que pedira. “Ela falou que queria R$ 50 mil. Macarrão disse que tinha R$ 30 mil. Poucas pessoas sabem, sem querer falar mal de ninguém, mas ela tinha muitas dívidas”. Em seguida, o goleiro explicou por que a jovem seguiu com ele para Minas Gerais. “O dinheiro estava em Belo Horizonte. Falei: ‘Fica no Rio, deposito o dinheiro e fica tudo certo’. Ela disse que não confiava em mim . E ela decidiu viajar conosco para pegar o dinheiro aqui (Minas). Ela iria pegar o dinheiro e iria embora”, afirmou.

Agressões no carro

Segundo Bruno,no dia em que foi levada pelo primo J. e Macarrão, houve uma discussão dentro do carro. O adolescente teria se irritado com a jovem e a agredido. Depois, de acordo com o jogador, ela foi levada para a casa dele, no Recreio. “Conversei com ela numa boa. Macarrão explicou que ela iria fazer escândalo. Ela falou mal de mim e houve agressão de ambas as partes. Agressão física entre eles (Eliza e o menor). Macarrão quase bateu o carro e teve que separar a briga. Ela foi agredida e teve até sangue dela no meu carro. Nem sabia. Só soube depois”.

Na viagem, policial na carona

Para tentar provar sua inocência, Bruno assegurou que, durante a viagem do Rio para Minas, em 5 de junho, quando Eliza foi levada para seu sítio, deu carona a um policial rodoviário federal. “No último pedágio, um policial nos pediu carona e o levei até Juiz de Fora. Quem está sequestrando alguém não dá carona pra nenhuma pessoa, nem para policial. Pode pegar as câmeras que vocês vão ver”. Naquele dia, antes de seguir para o sítio, o goleiro parou em motel em Contagem. Segundo as investigações, além de Eliza e do bebê, também foram para o motel, o menor J, Macarrão e a ex-namorada Fernanda Gomes de Castro.

Ex-segurança acusado
No depoimento, Bruno acusou o ex-segurança Marcelo Soares Silva — que acompanhou o atleta por quatro anos e é padrinho da filha caçula do jogador — de desvio de dinheiro destinado a Eliza. “Eliza não tinha motivo nenhum para desconfiar de mim. Toda vez que combinava alguma coisa, eu cumpria. Talvez não tenha confiado em mim porque o Macarrão passou a morar comigo, mas tudo o que eu repassava era por outra pessoa, o Marcelo, que trabalhava para mim. Talvez a desconfiança dela fosse por isso. Às vezes, ficava combinado de eu mandar R$ 3 mil e ele só mandava R$ 1,5 mil”, afirmou o ex-goleiro do Flamengo.

Entrega do bebê a Bruno

O goleiro contou que, quando Eliza disse que precisava ir a São Paulo, perguntou se o filho poderia ficar com ele por uma semana. Bruno concordou, mas suspeitou que a ex-amante estivesse sofrendo alguma ameaça. “Ela me disse que estava se sentindo bem no sítio e me perguntou se eu ficaria com ele (Bruninho) sete dias. Perguntei se ela precisava de alguma coisa, se estava correndo risco de vida. Mas eu disse tudo bem e fiquei com a criança por sete dias. Ela falou: ‘Eu volto’. Então, por sete dias fiquei com a criança. Depois, falei com a Dayanne que não teria condições de ficar com a criança. Expliquei para a Dayanne, que ficou desconfiada”, disse Bruno, acrescentando que Eliza afirmou: “É um caso que tenho que resolver”.

Eliza vai embora de táxi

Segundo a versão de Bruno, Macarrão e J. deixaram Eliza em um ponto de táxi no caminho entre o sítio de Esmeraldas e a casa de sua mãe, em Ribeirão das Neves, por volta das 20h do dia 10 de junho. Depois daquele dia, a ex-amante do goleiro desapareceu. As investigações da Polícia Civil mineira, no entanto, desmentem o relato do goleiro. O rastreamento das antenas de telefones celulares indicaram que Macarrão teria levado a jovem ao encontro do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola ou Neném, que teria matado a moça em sua casa, em Vespasiano, para depois dar sumiço ao corpo.

Papo à beira da piscina

No depoimento, Bruno relatou uma conversa com Eliza, que teria acontecido em 7 de junho à beira da piscina de seu sítio. “Ficamos conversando sobre o dia a dia, sobre a gravidez dela, que eu não acompanhei. Disse que tinha sido muito difícil, confusões do passado, o que ela falou na televisão. Esclarecemos muitas coisas. Debaixo de um pinheiro, numa mesa de vidro, fiquei brincando com o Bruninho. Criei uma paixão enorme por criança. Meu sonho era ter um filho, um menino. Então, era tudo normal”, relatou.

Amigo com ciúme de noiva

O jogador afirmou que, desde que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foi morar com ele, em janeiro, tinha que administrar o ciúme que o amigo tinha da noiva do goleiro, a dentista Ingrid Oliveira. Segundo Bruno, a relação entre Macarrão e a jovem era harmoniosa e feliz, mas, às vezes, ficava meio dividido quando os dois tinham opiniões divergentes. Já o menor J. não tinha ciúmes e acatava todas as ordens dadas a ele. “A vida na casa era boa, vivíamos harmoniosamente. Mas às vezes ela falava alguma coisa com a qual o Macarrão não concordava e eu tinha que administrar os ciúmes dele”.
Macarrão administrador

Segundo o atleta, sua vida financeira era um caos até Macarrão ir morar com ele. Bruno disse que estava sendo roubado antes de o amigo passar a administrar suas contas . “Financeiramente, estava na cara que as pessoas estavam me roubando. A ponto de um cara que ganhava R$ 100 mil não ter dinheiro nem para botar gasolina no carro. Então falei: ‘Parou!’. Afastei o Marcelo. Ele tinha minhas contas, acesso a tudo. Deixava tudo nas mão dele, para cuidar da minha família, da minha mãe. Tinha contas, aluguel, tudo para pagar. Assinava cheques em branco. A partir do momento em que o Macarrão foi morar comigo, em janeiro, minha vida começou a andar”. As informações são do O DIA, DA (RJNEWS)

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