Rio - Moradores e motoristas de Copacabana viveram uma noite de terror no sábado. Uma perseguição policial provocou pânico e correria em várias ruas do bairro, após a explosão de uma granada de uso exclusivo das Forças Armadas na Rua Francisco Otaviano, no Posto 6, atingindo um táxi, três vitrines da loja Tok Stok e a vidraça do Hotel Copacabana Praia. Cinco suspeitos foram presos na Rua Duvivier - um deles levou um tiro - e outras quatro pessoas foram feridas, duas delas por estilhaços de vidro e outra com um tiro de raspão. O skatista Paulo Hartung da Silveira, 25 anos, foi atropelado na ciclovia da Avenida Atlântica, em frente ao Clube Marimbás, e está internado em estado grave no Hospital Miguel Couto.
Com a quadrilha, os policiais apreenderam uma metralhadora P.30 (usada para derrubar aeronaves), quatro granadas, um fuzil AK com silenciador, três pistolas 9mm, cinco carregadores de fuzil, três carregadores de pistola, três rádios-transmissores e um cinto de guarnição completo. Com o líder da quadrilha, Válter dos Santos Barbosa Lima, 25 anos, que levou um tiro nas nádegas, os policiais encontraram ainda três peças de ouro valiosas: um cordão, um bracelete e um anel. De acordo com o comandante do 19º BPM (Copacabana), coronel Rogério Seabra, o armamento foi resgatado no Pavão-Pavãozinho, onde foi instalada em dezembro a 5ª Unidade Pacificadora de Polícia (UPP). "As armas estavam enterradas e eles roubaram o carro, pela manhã, para formar o 'bonde' exclusivamente para reaver as armas", explicou Seabra.
A perseguição começou na Rua Bulhões de Carvalho, quando os policiais do 19º BPM abordaram os ocupantes do Space Fox LOY-5679, veículo roubado por volta das 6h no viaduto do Trevo das Margaridas, em Irajá. Em vez de parar no acostamento, os bandidos abriram fogo em direção as duas viaturas da PM. Na Rua Francisco Otaviano, a explosão da granada atingiu o táxi de Waldeci da Silva, 56, que fazia a sua última corrida antes de ir para casa. Ele levava um casal do Alto Leblon para a Lapa. "Todo mundo levou um susto e a senhora, sentada atrás de mim no banco de trás, foi atingida no braço pelos estilhaços. Foi uma correria só. Vi gente se abaixando no meio da rua. Por isso, prefiro trabalhar de dia", contou Waldeci, que mora no Engenho da Rainha
A detonação do explosivo quebrou os vidros laterais do táxi LON-2354 e deixou pelo menos cinco marcas na lateral esquerda. Com ferimentos leves provocados por estilhaços de vidro, o casal de passageiros foi socorrido por funcionários da Pizzaria Hut. "Quando trabalhava na kombi que fazia a linha Penha-Inhaúma, de vez em quando, era obrigado a parar de rodar ou abandonar o carro por causa de tiroteio, mas aqui na Zona Sul é a primeira vez que me acontece algo do gênero. Estou assustado até agora", desabafou Waldeci. "Espero que o pessoal da cooperativa entenda o que aconteceu porque eu não tenho como pagar esse prejuízo", disse ele, preocupado.
Em meio a perseguição, o carro conduzido pelos suspeitos subiu a ciclovia duas vezes, perseguido pelas viaturas policiais, que fizeram o mesmo trajeto, asustando as pessoas que faziam passeio noturno pela praia. "Levei um susto quando vi aquela perseguição, parecia filme de cinema, mas era uma realidade cruel e assustadora", espantou-se Nora de Alencar, 54, moradora de Copabacana. Outras patrulhas fizeram o cerco por dentro do bairro em direção à Avenida Princesa Isabel, para interceptar o veículo roubado e impedir uma possível fuga em direção a Botafogo. "Uma de nossas viaturas teve o pneu atingido quando eles jogaram a granada, mas continuamos na cola deles", explicou um policial. Na Rua Fernando Mendes, ao lado do Copacabana Palace, uma das viatura policiais perdeu a direção e se chocou com um veículo. Duzentos metros adiante, o cerco policial se fechou com a prisão dos cinco integrantes da quadrilha.
Na Rua Duvivier, onde todos foram presos, o jornaleiro José de Lima Jerônimo, 60 anos, ficou com medo de os bandidos invadirem a sua banca de jornal que funciona 24 horas. "Ainda bem que os policiais o detiveram em frente a banca, antes de um deles entrar aqui. Foi uma correria só. As pessoas entraram em pânico e duas delas, que tinham acabado de comprar uma revista, voltaram assustadas para dentro da banca", contou. Os tiros disparados na Duvivier atingiram de raspão a perna esquerda de Margarida Martins Crespo, 53, que estava no Bar e Lanchonete Gelo Hum Dois Dois. Socorrida pelos policiais, a senhora foi atendida no Miguel Couto e liberada logo a seguir.
Além de Válter dos Santos Barbosa Lima, líder da quadrilha, os policiais prenderam Alexandre Santos Silva, 21, Evandro Pereira Aguiar, 24, Max Gualdino Nery, 24, e Carlos Geovani Camilo, 22. Segundo informações da Polícia Civil, Válter, Alexandre e Max têm passagens na polícia por tráfico de entorpecentes. Já Evandro responde a dois processos por assalto a mão armada e porte ilegal de arma. O único integrante do grupo sem ficha policial é Carlos Geovani. De acordo com os policiais civis, os detidos podem pegar até 60 anos de prisão, e vão responder por tentativa de homicídio, porte ilegal de arma exclusiva das Forças Armadas, roubo de veículo, resistência à prisão e associação ao tráfico de drogas.
"Eu vi tudo"
O segurança Luiz Alberto da Silva, 35, foi uma das testemunhas do tumulto provocado pela perseguição em Copacabana. Ele estava na porta da Pizzaria Hut, na Rua Francisco Otaviano, quando a granada foi lançada pelos bandidos em direção às viaturas policiais. "Eles estavam com as armas pesadas à mostra, inclusive um deles estava meio que pendurado para o lado de fora exibindo o armamento", revelou. Luiz Alberto socorreu a passageira do táxi atingido pelos estilhaços do explosivo. "Peguei a senhora no colo e a levei para dentro do restaurante por ela estar bastante nervosa. Havia uma fila de clientes na porta. Teve gente que se jogou no chão. Outros não sabiam nem para onde ir. Foi um pandemônio", contou. Segundo os policiais, a explosão do artefato furou o pneu de uma das viaturas, que permaneceu na perseguição até a Rua Duvivier.
Luiz Alberto também viu o skatista ser atropelado na ciclovia, em frente ao Clube Marimbás. "Eles estavam em alta velocidade e pegaram o rapaz em cheio, pensei até que ele tivesse morrido", revelou. O carro, roubado em Irajá, pertence ao comerciante Hugo Nogueira, 30, que estava na porta da 13ª DP (Copacabana) para reaver o seu veículo pela segunda vez em menos de um ano. "Em 2008 passei por um sufoco parecido, mas o carro tinha um bloqueador automático que fez ele parar um quilômetro depois, mas dessa vez o prejuízo é maior", explicou. Hugo perdeu ainda a agenda com o número de seus clientes que estava no chip do rádio roubado pelos assaltantes. A mulher dele, Luciane Nogueira, 28, lamentou os momentos de terror e a perda da bolsa com seus documentos. "Pior que o dinheiro da minha rescisão contratual, no valor de R$ 1,2 mil em espécie, são os documentos", disse ela.
Hugo Nogueira foi surpreendido pelos assaltantes no viaduto do Trevo das Margaridas, em Irajá. "Eles me fecharam, soltaram com fuzis na mão e falaram 'não corre, senão morre'. Eu obedeci na hora. Eu e minha mulher saímos com as mãos em cima da cabeça", contou. Como o carro tem GPS instalado pela seguradora, o monitoramento do veículo facilitou a ação da polícia que usou informações repassadas pela empresa após encontrar o carro na Rua Sá Ferreira. "Esperamos o melhor momento para abordá-los, pois sabíamos que eles tinham estado no Pavãozinho para resgatar armas, mas a perseguição foi inevitável. E o importante é que os policiais não dispararam nenhum tiro. Só os bandidos o fizeram", revelou o tenente-coronel Rogério Seabra.
Com a quadrilha, os policiais apreenderam uma metralhadora P.30 (usada para derrubar aeronaves), quatro granadas, um fuzil AK com silenciador, três pistolas 9mm, cinco carregadores de fuzil, três carregadores de pistola, três rádios-transmissores e um cinto de guarnição completo. Com o líder da quadrilha, Válter dos Santos Barbosa Lima, 25 anos, que levou um tiro nas nádegas, os policiais encontraram ainda três peças de ouro valiosas: um cordão, um bracelete e um anel. De acordo com o comandante do 19º BPM (Copacabana), coronel Rogério Seabra, o armamento foi resgatado no Pavão-Pavãozinho, onde foi instalada em dezembro a 5ª Unidade Pacificadora de Polícia (UPP). "As armas estavam enterradas e eles roubaram o carro, pela manhã, para formar o 'bonde' exclusivamente para reaver as armas", explicou Seabra.
A perseguição começou na Rua Bulhões de Carvalho, quando os policiais do 19º BPM abordaram os ocupantes do Space Fox LOY-5679, veículo roubado por volta das 6h no viaduto do Trevo das Margaridas, em Irajá. Em vez de parar no acostamento, os bandidos abriram fogo em direção as duas viaturas da PM. Na Rua Francisco Otaviano, a explosão da granada atingiu o táxi de Waldeci da Silva, 56, que fazia a sua última corrida antes de ir para casa. Ele levava um casal do Alto Leblon para a Lapa. "Todo mundo levou um susto e a senhora, sentada atrás de mim no banco de trás, foi atingida no braço pelos estilhaços. Foi uma correria só. Vi gente se abaixando no meio da rua. Por isso, prefiro trabalhar de dia", contou Waldeci, que mora no Engenho da Rainha
A detonação do explosivo quebrou os vidros laterais do táxi LON-2354 e deixou pelo menos cinco marcas na lateral esquerda. Com ferimentos leves provocados por estilhaços de vidro, o casal de passageiros foi socorrido por funcionários da Pizzaria Hut. "Quando trabalhava na kombi que fazia a linha Penha-Inhaúma, de vez em quando, era obrigado a parar de rodar ou abandonar o carro por causa de tiroteio, mas aqui na Zona Sul é a primeira vez que me acontece algo do gênero. Estou assustado até agora", desabafou Waldeci. "Espero que o pessoal da cooperativa entenda o que aconteceu porque eu não tenho como pagar esse prejuízo", disse ele, preocupado.
Em meio a perseguição, o carro conduzido pelos suspeitos subiu a ciclovia duas vezes, perseguido pelas viaturas policiais, que fizeram o mesmo trajeto, asustando as pessoas que faziam passeio noturno pela praia. "Levei um susto quando vi aquela perseguição, parecia filme de cinema, mas era uma realidade cruel e assustadora", espantou-se Nora de Alencar, 54, moradora de Copabacana. Outras patrulhas fizeram o cerco por dentro do bairro em direção à Avenida Princesa Isabel, para interceptar o veículo roubado e impedir uma possível fuga em direção a Botafogo. "Uma de nossas viaturas teve o pneu atingido quando eles jogaram a granada, mas continuamos na cola deles", explicou um policial. Na Rua Fernando Mendes, ao lado do Copacabana Palace, uma das viatura policiais perdeu a direção e se chocou com um veículo. Duzentos metros adiante, o cerco policial se fechou com a prisão dos cinco integrantes da quadrilha.
Na Rua Duvivier, onde todos foram presos, o jornaleiro José de Lima Jerônimo, 60 anos, ficou com medo de os bandidos invadirem a sua banca de jornal que funciona 24 horas. "Ainda bem que os policiais o detiveram em frente a banca, antes de um deles entrar aqui. Foi uma correria só. As pessoas entraram em pânico e duas delas, que tinham acabado de comprar uma revista, voltaram assustadas para dentro da banca", contou. Os tiros disparados na Duvivier atingiram de raspão a perna esquerda de Margarida Martins Crespo, 53, que estava no Bar e Lanchonete Gelo Hum Dois Dois. Socorrida pelos policiais, a senhora foi atendida no Miguel Couto e liberada logo a seguir.
Além de Válter dos Santos Barbosa Lima, líder da quadrilha, os policiais prenderam Alexandre Santos Silva, 21, Evandro Pereira Aguiar, 24, Max Gualdino Nery, 24, e Carlos Geovani Camilo, 22. Segundo informações da Polícia Civil, Válter, Alexandre e Max têm passagens na polícia por tráfico de entorpecentes. Já Evandro responde a dois processos por assalto a mão armada e porte ilegal de arma. O único integrante do grupo sem ficha policial é Carlos Geovani. De acordo com os policiais civis, os detidos podem pegar até 60 anos de prisão, e vão responder por tentativa de homicídio, porte ilegal de arma exclusiva das Forças Armadas, roubo de veículo, resistência à prisão e associação ao tráfico de drogas.
"Eu vi tudo"
O segurança Luiz Alberto da Silva, 35, foi uma das testemunhas do tumulto provocado pela perseguição em Copacabana. Ele estava na porta da Pizzaria Hut, na Rua Francisco Otaviano, quando a granada foi lançada pelos bandidos em direção às viaturas policiais. "Eles estavam com as armas pesadas à mostra, inclusive um deles estava meio que pendurado para o lado de fora exibindo o armamento", revelou. Luiz Alberto socorreu a passageira do táxi atingido pelos estilhaços do explosivo. "Peguei a senhora no colo e a levei para dentro do restaurante por ela estar bastante nervosa. Havia uma fila de clientes na porta. Teve gente que se jogou no chão. Outros não sabiam nem para onde ir. Foi um pandemônio", contou. Segundo os policiais, a explosão do artefato furou o pneu de uma das viaturas, que permaneceu na perseguição até a Rua Duvivier.
Luiz Alberto também viu o skatista ser atropelado na ciclovia, em frente ao Clube Marimbás. "Eles estavam em alta velocidade e pegaram o rapaz em cheio, pensei até que ele tivesse morrido", revelou. O carro, roubado em Irajá, pertence ao comerciante Hugo Nogueira, 30, que estava na porta da 13ª DP (Copacabana) para reaver o seu veículo pela segunda vez em menos de um ano. "Em 2008 passei por um sufoco parecido, mas o carro tinha um bloqueador automático que fez ele parar um quilômetro depois, mas dessa vez o prejuízo é maior", explicou. Hugo perdeu ainda a agenda com o número de seus clientes que estava no chip do rádio roubado pelos assaltantes. A mulher dele, Luciane Nogueira, 28, lamentou os momentos de terror e a perda da bolsa com seus documentos. "Pior que o dinheiro da minha rescisão contratual, no valor de R$ 1,2 mil em espécie, são os documentos", disse ela.
Hugo Nogueira foi surpreendido pelos assaltantes no viaduto do Trevo das Margaridas, em Irajá. "Eles me fecharam, soltaram com fuzis na mão e falaram 'não corre, senão morre'. Eu obedeci na hora. Eu e minha mulher saímos com as mãos em cima da cabeça", contou. Como o carro tem GPS instalado pela seguradora, o monitoramento do veículo facilitou a ação da polícia que usou informações repassadas pela empresa após encontrar o carro na Rua Sá Ferreira. "Esperamos o melhor momento para abordá-los, pois sabíamos que eles tinham estado no Pavãozinho para resgatar armas, mas a perseguição foi inevitável. E o importante é que os policiais não dispararam nenhum tiro. Só os bandidos o fizeram", revelou o tenente-coronel Rogério Seabra.
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