Cento e cinquenta policiais civis de oito delegacias especializadas cercaram o sítio em que se realizava a festa. Eles esperaram a noiva, Rayza de Souza Gomes, chegar (com duas horas de atraso), para dar início à operação. A voz de prisão foi dada logo depois do "sim" dos noivos. Rayza e Maxwell da Costa Silva tiravam fotos à beira da piscina, quando foram presos.
A polícia decidiu iniciar a operação "Não tem preço" na festa de casamento porque seria a chance de cumprir vários mandados de prisão no mesmo local. Além dos noivos, foram detidos três convidados e os padrinhos do casal. "Não houve reação. Houve um silêncio, que durou algum tempo. Mas o buffet continuou a servir os convidados e o bolo chegou a ser cortado. A noiva já tinha jogado o buquê. Só houve um princípio de tumulto quando começamos a apreender a cerveja", disse o delegado Fernando Vila Pouca, da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), que coordenou a operação.
Vila Pouca explicou que tudo foi pago com o dinheiro dos golpes - incluindo a lua de mel em Penedo (Região Serrana), e R$ 17 mil em bebidas. Rayza foi para a delegacia ainda de vestido de noiva - tirou apenas o véu.
A Deat investigava o golpe havia quatro meses, porque a quadrilha comprava passagens aéreas e pacotes turísticos com cartões desviados. Sete funcionários dos Correios vendiam cada cartão por R$ 200. A quadrilha, a partir de dados cadastrais da Receita Federal, obtidos ilegalmente, conseguia desbloquear os cartões, e pedia adicionais, nos nomes dos integrantes do bando. "Muitas vezes eles compravam com os seus documentos originais. Mas também há muitas identidades falsas com os nomes dos titulares dos cartões", disse Vila Pouca. O grupo comprava televisores, computadores, laptops, aparelhos de ar-condicionado e revendia os equipamentos por 40% do valor da loja.
Entre os convidados presos acusados de atuarem como compradores está Juçara, que deixou a favela em que morava depois que o filho Vinícius de Oliveira ficou famoso ao interpretar o menino Josué. A família passou a morar num apartamento pago pela Videofilmes. Ela ganharia 20% do valor recebido pelo produto vendido. Wagner Campos de Oliveira, irmão de Vinícius e filho de Juçara, também está preso por estelionato e é acusado de participar do golpe. Dos 26 mandados de prisão, 19 já foram cumpridos. DA(Ag. Estado)
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