Pela imagem do Satélite, nóta-se nuvens pesadas sobre o Rio de Janeiro |
A presidente Dilma Rousseff, que na quinta-feira fará um sobrevoo de helicóptero pela região, assinou uma medida provisória nesta quarta liberando 780 milhões de reais para a reconstrução das cidades atingidas.
Imagens de TV mostraram ruas tomadas pela água, carros e ônibus submersos, e várias casas soterradas pela lama que desmoronou de encostas nas cidades da região.
"É um estado de calamidade, é a maior catástrofe da história do município", lamentou o prefeito de Teresópolis, Jorge Mário, em entrevista à TV.
Um dos locais mais atingidos na cidade foi o bairro do Caleme, região humilde afastada do centro, onde uma represa da Cedae transbordou e provocou o soterramento de várias residências localizadas em encostas, disse uma testemunha à Reuters.
A casa do motorista Antônio Venâncio, de 53 anos, permaneceu de pé, mas foi invadida por água e lama. Ninguém da família ficou ferido, mas moradores vizinhos não tiveram a mesma sorte.
"Eu mesmo passei por seis corpos na minha rua. É uma tragédia enorme, o povo não sabe o que fazer diante de uma coisa horrível dessa", contou por telefone à Reuters. Depois da chuva que castigou o município durante toda a noite, o sol apareceu no início da tarde desta quarta, mas todo o comércio do centro permaneceu fechado. O clima na cidade era de luto, de acordo com outra moradora.
"Está tudo fechado, as pessoas não conseguiram chegar para trabalhar. A cidade está completamente abatida e triste com isso que está acontecendo", contou a dona-de-casa Janayna Sofia.
O governador Sérgio Cabral solicitou à Marinha que aeronaves fossem disponibilizadas para deslocamento de tropas e equipamentos para a região, uma vez que a principal estrada de acesso a Teresópolis ficou interrompida por diversas quedas de barreiras.
A forte chuva começou na noite de terça-feira e, de acordo com os bombeiros, choveu nas últimas horas na região serrana o equivalente ao previsto para um mês inteiro.
BOMBEIROS SOTERRADOS
Em Nova Friburgo, um prédio de três andares desabou e matou uma criança, um idoso e um bebê. Uma equipe do Corpo de Bombeiros também foi soterrada quando tentava realizar um salvamento.
"Infelizmente temos três bombeiros entre as vítima. Choveu muito forte e a situação está intensa", disse o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Pedro Machado. Há ainda um quarto bombeiro desaparecido.
Muitas pessoas ficaram ilhadas nas cidades devido ao alto nível das águas que cobriram ruas e avenidas. Vários bairros estão sem luz e telefone.
"A situação aqui em Friburgo é caótica. As pessoas estão sem poder se locomover. Está terrível, o Rio Bengala transbordou e várias pontes desabaram", disse um bombeiro da cidade à Reuters, que pediu para não ser identificado. O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, foi à região serrana para prestar apoio e solidariedade aos moradores. Ele sobrevoou as cidades para acompanhar de perto os estragos provocados pela chuva.
"O quadro é triste e desesperador", avaliou.
As mortes no Rio acontecem um dia depois de fortes chuvas atingirem o Estado de São Paulo, deixando ao menos 13 mortos.
As chuvas no Sudeste já prejudicam a região desde meados de outubro do ano passado, com alto índice de mortos e feridos, principalmente em dezembro. Minas Gerais registrou 16 mortes em decorrência das chuvas desde novembro, enquanto o Espírito Santo divulgou cinco mortes, segundo as Defesas Civis Estaduais.